A Saúde Mental é parte integrante da Saúde e foi definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS, 2001) como um estado de bem-estar em que o indivíduo tem perceção do seu potencial, consegue lidar com o stress do dia-a-dia, trabalhar de forma produtiva e é capaz de contribuir para a sua comunidade.

A adolescência carateriza-se pelo desenvolvimento de uma grande capacidade de processar informação, de pensar de forma abstrata e usar ao máximo a sua capacidade de raciocínio, correspondendo ao estádio das operações formais ou operatório-formal (dos 12 anos em diante) na teoria de desenvolvimento cognitivo de Piaget, em que o adolescente constrói o pensamento abstrato, conceptual, conseguindo ter em conta as hipóteses possíveis e diferentes pontos de vista e sendo capaz de pensar cientificamente (Gleitman, Reisberg, Fridlund, 2011). No entanto, a adolescência é também uma fase de vida crítica para a saúde mental e várias perturbações mentais têm o seu pico de incidência nesta fase: depressão e tentativas de suicídio, uso de substâncias, perturbações alimentares, ansiedade e psicoses (Rickwood et al., 2005; Sprintall e Collins, 2011). Segundo dados mais recentes, aproximadamente 16% das crianças e adolescentes sofre de alguma perturbação mental (OMS, 2018).

É urgente promover a saúde mental dos adolescentes, prevenir e intervir precocemente perante os problemas e perturbações mentais desta faixa etária, num contexto de interdisciplinaridade e em rede, desde a comunidade, o contexto escolar e os cuidados de saúde primários aos cuidados de saúde diferenciados.